domingo, 21 de março de 2010
Uma ilustração de livro pergunta a um leitor:
“Caro leitor, só existo quando você me olha, me tateia, me invade. Quando você destrincha meus riscos e manchas, meus poros, vazios, fendas e preenchimentos. Eu existo leitor, quando você se lembra ao ver-me. Quando você resgata uma experiência vivida apenas por olhar pra mim. Como um cheiro que remete um acontecimento e nos transporta às memórias experimentadas, eu quero ser pra você. Sim, você vai dizer que trabalho um outro sentido, a visão. Mas o que quero ser pra você é mais do que isso, é a lembrança da aspereza das coisas, ou sua leveza, ou ainda o gosto azedo, o sentir quente ou o frio, o barulho do farfalhar das folhas por conta do vento arisco. E por isso, leitor, te pergunto: o que sou pra você? O que você vê quando me olha, me toca, me acaricia? Eu te conto alguma coisa? Você se vê em mim? Onde você estaria? Seria que personagem, ou coisa, ou ambiente? Quem é você, leitor, e o que eu sou pra você?” (ilustração de livro, 2009)
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