domingo, 23 de agosto de 2009

Lá naquela casinha


Cascatas de luz se entrelacem em nós
Poemas divinos, amaciem nossos corações de pedra.

Num canto da vida contornamos muitos lares
Quanta briga, desavença

Quantas lágrimas jorradas que transformam a vida em mar
Nesses mares eu navego
Muito longe avisto fogo
De mais perto vejo flores
Um casebre muito feio
Mas coberto de amores
Todos juntos frutificam
E de mãos dadas florecem luzes
De se amarem colhem frutos
De se entenderem, evoluem

Fragmentos


Pedaço de pau
Barraco sem chão
Família espalhada em restos de pão
Seus lares vazios
Sem vida e amor
Família lançada
Em prantos de dor
Seus filhos só choram
Seus pais enlouquecem
Bonecos fantoches que não se conhecem
Vão esquecendo o passado
Quebrando seus elos sem olhar para o lado
Por fim sempre só
Se vão sem destino
na estrada da vida
Só lhes resta o pó

Descalça


eu vou pra maracangalha eu vou, eu vou de chapeu de palha eu vou, eu vou visitar a nalia eu vou, eu de chapéu de palha, eu vou, eu vou de cavalo branco eu vou...
eu vou só, eu vou só pra maracangalha eu vou.

Maria Clara


sábado, 22 de agosto de 2009

Luar do Sertão

Ó luarzão bão.
Não há ó gente ó não luar como este do sertão.
A lua nasce por detrás das verdes matas, mas parece um céu de prata prateando a imensidão...
Aqui de casa, da janela, vejo o nascer da lua.
Me imagino Gonzagão.

Mundos

Cada um com sua rosa para cuidar.

Embriaguez dionisíaca




Nada como um vinho pra me centrar.
Aliviar meu olhar e mostrar minhas dores deliciosas em goles largos.
O cheiro de Baco que desliza pelo copo criando espirais de cor fuccia.
Cheiro de carvalho.
O velho carvalho.
Lembrança da gente abraçando nossa árvore nas Paineiras.
Ou sendo abraçados por ela.
Riso frouxo, sonado.
Sonata. Serenata.


Despertar


Talvez eu estivesse apenas dormindo. Ou requentando o café. Mas tinha uma luzinha que insistia em entrar pela fresta da janela. E essa luz era tamanha que ofuscava as vistas. Era quente e âmbar, e dava pra ver a poeirinha dançando pelo seu rastro. A iluminada irritante trazia a certeza de que eu respirava poeiras.
Coloquei o travesseiro em cima do rosto, amassei bem contra minhas bochechas e, hunpf, o quentinho ainda estava por ali. Hum, gostoso.
E comecei a tatear a danada pensando em capturá-la e guardar dentro de uma caixinha a sete chaves que guardo debaixo de minha cama desde os meus três anos de idade. Há muita coisa nela. Há a Bela e a Fera, contada pelo Monteiro Lobato em pessoa, para mim, no sofá do apartamento na João Pessoa. Apartamento que provou eu não ser nada sustentável, quando saía correndo pelada e com o chuveiro ligado só pra ver mais um episódio de o Sítio do Picapau Amarelo, com design do Rui de Oliveira.
Ah, mas e a luz quentinha... agora eu estava com a sola do pé para cima tentando tatear seu percurso. Engoli seco uma saliva matinal pra perceber que era hora de levantar. Nenem já chorava: mamã. E é tão deliciosos entrar pelo quarto e ver uma menina já fazendo seus "apontamentos" de olhões arregalados e sugerindo palavras inventadas. Ela adoraria aquele sol quentinho que me acordara. Ela adoraria enfiar o pé na lama como a muito eu não fazia, mas sempre amara. Ela gostaria de ir ao Chuí, ao Evereste, ao Monte Sinai, ao Alaska, como muitas vezes imaginei-me... Será? Quem é ela? O que ela sonha? Como conquistá-la? Pensaria em escrever-lhes aos quatro ventos e publicar em letras garrafas: TE AMO. É por isso que quero te ver VIVER. VIDA que pulsa forte, larg, intensa.
Estou apaixonada. Minha paixão tem um nome lindo. É Isadora.