terça-feira, 25 de setembro de 2012

Risco

Rabiscava como se respirasse. O barulho do lápis grunhia esfarelando no papel. O grafite manchava o viés da celulose como que a quisesse romper. O uso da borracha era inevitável, mas me neguei a usá-la, mesmo assim. Os poros de minha pele se abriam e como uma boa miope via os pêlos se arrepiarem escandalosamente. Raios e trovões lá fora. Lápis e papel aqui dentro. Aqui dentro. Aqui dentro sentia escorrer o sangue de artérias daninhas que bebiam grafite. Unhas sujas de nanquim. Havia acabado de traçar letras em pena. O dedo ainda amassado, a pena borrando o papel triplex. O lábio inferior com risco preto. Olheiras. Cheiro de chuva. Barulho de relâmpago. Gosto de tinta.

Escritura imagética

O desenho pode desconstruir pensamentos. E os renovar. Se flexível, rompe tabus. Proponho traços, rabiscos, manchas. Sugiro que como um flâneur permitamos bifurcações borgeanas, através de um simples traço... Ao nos darmos conta, veremos nossos traços e manchas em significados sentidos... ressonâncias Kandinskyanas. Revemo-nos. Calculamos traços, curtimos o imprevisto, amadurecemos o olhar. E o que conhecemos do belo adentra nossa porta. Experimentamos o sublime...?... E quando começamos a dar conta do nosso traçado, permitindo-nos com confiança ora subverter padrões, ora aceitá-los.

Oficina de Livro Infantil Ilustrado - Estação das Letras

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ler, escrever, ilustrar

Como se faz para explicar à alguém que se lê por imagens? E que ainda, ler por imagens é uma maneira de se enxergar a vida, que seria bem legal se as pessoas pelo menos atentassem para a potencialidade da leitura como algo meio "matrix", em que ao se ler um fato, se consegue automaticamente criar imagens para aquilo. E, caso se permita, alguém consegue criar construções imagéticas complexas que traduzem um fato, utilizando-se da linguagem visual.

Parece óbvio? Pessoas já fazem isso? Mas vão à fundo? Na infância é lindo fazer a criança pensar uma imagem. Mas essa criança, adulta, continua pensando uma imagem, traduzindo linguagens? Seja por imagens, sons, paladares, aromas?

Como se é ser um alquimista da imagem? Saber suas fórmulas para desconstrui-las, trazendo em sua visibiliadde estrutural, narrativas?

Este adulto continua a brincar com a imagem como que tentando reaprender a conversar com ela, o tempo todo? E, com isso, quebrando esteriótipos?

Porque aprender a ler, vá lá. Mas aprender a escrever literatura, é outra história. Requer uma sensibilidade sinestésica, uma percepção do outro, do contexto, um projeto. Assim como escrever por imagens, no caso, ilustrar. Requer um mergulho pelos veios das imagens, suas tramas, sombras, elementos gráficos que conjugados representam não apenas uma ideia, mas pontuam uma memória do que não está desenhado. Porque para se desenhar há de se negar a própria representação, há de se projetar para uma interação: a leitura. E é nos vazios e buracos da linguagem, onde ela não dá conta de existir, e que permite o outro, que a ilustração acontece.

sábado, 17 de setembro de 2011

uma voz literária

Mes chers amis,

Em minhas andanças reparei em vozes parecidas com a minha.
Eram vozes que acreditam no poder da literatura, de transformar mundos.
Mas mais do que isso, eram vozes que fazem da literatura instrumento transformador de mundo.
Vozes que atentam para o olhar, o olhar que formiga a barriga, pois carrega o que sentimos na hora que ele vem.
Um olhar de enxurrada, de maremoto, um olhar de Turner. Um olhar sublime e inexplicável, que cala a voz amiga, e a corrói por dentro e por fora, até que num ato, num gesto, num riso, num som, num traço, a voz se diz presente, retornando como esse olhar a reviu.
E esse olhar pode ser re-visitado quantas vezes quiser, pois o saber é assim, sem idade, credo, preferências, o saber vem pra cada um como dá, como pode, como é... multifacetado, transcodificado.
Como Barthes, esse prazer esta nos meandros do texto - esse texto que se traduz em mundo, em vida borbulhando plena...
Como Peter Hunt, vale ler como se fosse uma criança. Pois este olhar despretencioso, curioso, malicioso, inventivo, preenche e esvazia nossas caraminholas surgidas com o texto.
E, como Isadora com 3 anos diz: "é assim".

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Palestra da SOAP



Como fazer com simplicidade e humor uma apresentação.

Simplicidade das apresentações