terça-feira, 25 de setembro de 2012
Risco
Rabiscava como se respirasse. O barulho do lápis grunhia esfarelando no papel. O grafite manchava o viés da celulose como que a quisesse romper. O uso da borracha era inevitável, mas me neguei a usá-la, mesmo assim. Os poros de minha pele se abriam e como uma boa miope via os pêlos se arrepiarem escandalosamente. Raios e trovões lá fora. Lápis e papel aqui dentro. Aqui dentro. Aqui dentro sentia escorrer o sangue de artérias daninhas que bebiam grafite. Unhas sujas de nanquim. Havia acabado de traçar letras em pena. O dedo ainda amassado, a pena borrando o papel triplex. O lábio inferior com risco preto. Olheiras. Cheiro de chuva. Barulho de relâmpago. Gosto de tinta.
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