terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ler, escrever, ilustrar

Como se faz para explicar à alguém que se lê por imagens? E que ainda, ler por imagens é uma maneira de se enxergar a vida, que seria bem legal se as pessoas pelo menos atentassem para a potencialidade da leitura como algo meio "matrix", em que ao se ler um fato, se consegue automaticamente criar imagens para aquilo. E, caso se permita, alguém consegue criar construções imagéticas complexas que traduzem um fato, utilizando-se da linguagem visual.

Parece óbvio? Pessoas já fazem isso? Mas vão à fundo? Na infância é lindo fazer a criança pensar uma imagem. Mas essa criança, adulta, continua pensando uma imagem, traduzindo linguagens? Seja por imagens, sons, paladares, aromas?

Como se é ser um alquimista da imagem? Saber suas fórmulas para desconstrui-las, trazendo em sua visibiliadde estrutural, narrativas?

Este adulto continua a brincar com a imagem como que tentando reaprender a conversar com ela, o tempo todo? E, com isso, quebrando esteriótipos?

Porque aprender a ler, vá lá. Mas aprender a escrever literatura, é outra história. Requer uma sensibilidade sinestésica, uma percepção do outro, do contexto, um projeto. Assim como escrever por imagens, no caso, ilustrar. Requer um mergulho pelos veios das imagens, suas tramas, sombras, elementos gráficos que conjugados representam não apenas uma ideia, mas pontuam uma memória do que não está desenhado. Porque para se desenhar há de se negar a própria representação, há de se projetar para uma interação: a leitura. E é nos vazios e buracos da linguagem, onde ela não dá conta de existir, e que permite o outro, que a ilustração acontece.

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